Portaria virtual no RS

Em tempos de pandemia no qual os serviços em home office marcaram uma nova fase nas relações de trabalho, possibilitada pelas tecnologias de transmissão de dados, a tendência de vigilância por presença virtual está crescendo em condomínios da região. As portarias remotas já são realidade em muitos prédios, garantindo a mesma segurança e, em muitos casos, com redução de custos na faixa de 30% até 50%.

Um dos pioneiros em Novo Hamburgo, o condomínio Pacífico já possui o sistema há três anos e a experiência é a melhor possível, como revela o síndico José Antônio Oliboni. A iniciativa da troca de serviço se deu quando ele assistiu a uma reportagem sobre o assunto e buscou mais informações sobre o funcionamento. “Fiz cotações de preços e comecei a explicar para os vizinhos sobre a novidade, todos concordaram e já instalamos o novo sistema.”

Para o síndico e morador do edifício, a redução na mensalidade do condomínio foi quase que imediata. Os custos com portaria, conta, baixaram 40%. “Foi tudo muito rápido e tranquilo, em um treinamento com os moradores aprendemos a usar todo o sistema. Hoje, abrimos portas e autorizamos entradas por celular. O visitante que vem aqui e aciona a portaria remota acredita que está falando com o porteiro do prédio. Aqui fica tudo gravado, tem alarmes e quando há algum problema de manutenção, a empresa manda um vigilante que só sai quando o problema está resolvido.”

Desde que a portaria remota foi instalada a mensalidade do condomínio segue no mesmo valor. “Tivemos sorte de fazer essa mudança antes da pandemia, pois nossas despesas baixaram e no período da quarentena conseguimos dar 20% de desconto na taxa. Com isso, não temos inadimplência”, revela.

Oliboni ainda garante que a portaria remota é tão ou mais segura que com a presença física do porteiro. “Por estar sempre presente, o porteiro, como todo ser humano, cria vínculos e amizades, seja com moradores, vizinhos e fornecedores. É comum haver alguma flexibilização de acesso ou de correr o risco de dar confiança a estranhos. No sistema remoto, isso não acontece, o que é mais seguro para todos”, explica.

Crescimento em São Paulo

O sistema de portaria virtual tem crescido entre os condomínios. O modelo libera entradas e saídas, sem a necessidade de um porteiro no prédio. Ele poderia ficar em outro local, comandando remotamente múltiplas portarias ao mesmo tempo. Porém, nem todos os edifícios se adaptam.

De acordo com especialistas, o sistema é mais indicado para condomínios menores, com até 50 apartamentos. Condomínio grande, com mais de uma entrada, por exemplo, tem mais dificuldade para fazer a implantação desse modelo.

A principal vantagem é a redução de custos –a contratação de empresas que fornecem o serviço é entre 40% a 60% mais barata do que a manutenção de porteiros convencionais. A economia é refletida na taxa condominial, que pode cair.

José Elias de Godoy, tenente-coronel da Polícia Militar e consultor de segurança, ressalta, no entanto, que não se pode fazer uma mudança assim só por conta do custo. “Precisa ver se os condôminos realmente querem isso, explicar os prós e os contras”, diz.

É necessário conhecer a empresa que se deseja contratar, avaliar o conceito no mercado. “É recomendável que seja desenvolvido um estudo do grau de confiabilidade do sistema de segurança, de preferência por um profissional que não seja o vendedor da portaria virtual”, diz Claudenir Silva, consultor e coordenador de cursos de segurança.

Os condôminos também precisam ser ouvidos sobre a mudança. “Vai mudar a rotina do prédio, vai mexer com os costumes. É recomendável levar a discussão para a assembleia, explicar para os condôminos como é o funcionamento”, explica o advogado Alexandre Callé, sócio da Advocacia Callé, que recomenda ainda que o síndico leve ao menos três propostas de empresas prestadoras do serviço.

Portaria virtual em São Paulo

Portaria remota em São Paulo orçamento

Estrutura

Para o sistema funcionar, são necessários bons equipamentos e fácil comunicação dos moradores com a empresa. Silva cita “clausura, interfones de boa qualidade, câmeras de alta resolução e identificação por biometria [para o morador]”. Manter um gerador para as fechaduras remotas e a conexão com o atendente virtual é essencial, além de boas redes de internet (de preferência duas).

Precisa-se também criar protocolos de segurança, aprovados em assembleia, para as entradas de saída, distinguindo entre moradores cadastrados, hóspedes, visitantes, prestadores de serviço, etc.
Para as entregas, utiliza-se a clausura entre os portões para deixar itens como comida, caso o morador queira recebê-los sem contato –a solução mais comum é o passa-volumes.

Quando ocorre algum problema com entradas ou entregas, o atendente remoto pode não conseguir ajudar. O papel acaba transferido para o zelador do prédio.