A taxa de desemprego na região do ABC recuou 1 ponto percentual entre novembro e dezembro de 2017, chegando a 17,7%. Os dados foram divulgados ontem (31) pela Fundação Seade e pelo Dieese.
De acordo com o porta-voz do estudo, a retomada da indústria de transformação, especialmente nos setores mecânico e automotivo, favoreceu a melhora do mercado de trabalho na região.
“O ABC foi uma das áreas [do Estado de São Paulo] mais afetadas durante a crise econômica, porque a indústria local teve perdas muito fortes. Como a base de comparação é mais fraca, a recuperação do trabalho acaba sendo mais expressiva”, afirma Alexandre Loloian, economista da Seade.
Segundo ele, o avanço dos dados de emprego no ABC foi causado por aumentos nos números de trabalhadores ocupados e de pessoas que deixaram de procurar emprego. “Mais gente acessou o mercado, mas mais gente parou de tentar esse acesso.”
Terceirização de serviços no ABC Paulista
Piora nos dados
Na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), por outro lado, a ocupação caiu 0,2% em dezembro, na comparação com novembro. Puxaram o resultado negativo os desempenhos da indústria (-2,8%) e de serviços (-0,6%), enquanto cresceram a construção (7,3%) e o comércio (0,9%).
“No último mês do ano, é normal essa queda da ocupação para serviços e indústria, porque muitas empresas realizam ajustes nas folhas de pagamento nessa época”, diz Loloian. Ele também destaca a retomada da construção, que teve seguidas quedas nos últimos anos, e afirma que o resultado do comércio é normal para o período que antecede o Natal e o Ano-Novo.
Já População Economicamente Ativa (PEA) registrou queda de 0,6% na RMSP em dezembro, o que não é comum para o período, diz Loloian. “Isso significa que menos pessoas procuraram emprego no período do ano em que ocorre um aumento das vagas temporárias”, explica o especialista.
Com o recuo na procura por trabalho, a taxa de desemprego na RMSP caiu para 16,9% em dezembro de 2017, depois de ficar em 17,2% em novembro. Além da redução da taxa no ABC, foi registrada estabilidade no mercado de trabalho da capital (16,5%) e uma leve baixa na taxa de desemprego da sub-região leste, que inclui Guarulhos e Mogi das Cruzes (de 19,2% para 19,6%).
Salários
Entre outubro e novembro do ano passado, o rendimento médio dos trabalhadores assalariados na RMSP teve queda de 1,4%, para R$ 2.055.
As principais baixas nos ganhos foram vistas na indústria de transformação (-6,1%) e no setor de serviços (-1,5%), enquanto o comércio registrou leve alta, de 0,3%. Os salários dos trabalhadores autônomos caíram 1,4%, acompanhando o recuo dos rendimentos dos empregados com carteira assinada (-3,1%). Já os funcionários não registrados viram seus recebimentos crescerem 2,6% entre outubro e novembro.
Projeções
Segundo os especialistas consultados pelo DCI, o mercado de trabalho paulista deve ganhar força nos próximos meses, acompanhando a recuperação econômica do País.
Professor de economia da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Eduardo Mekitarian diz que a comparação com os últimos anos facilita a retomada do emprego. “O mercado de trabalho despencou durante a crise, então certamente teremos uma melhora em 2018”. O nível dessa recuperação, diz ele, vai depender do avanço da reforma da Previdência. “Se for aprovada, o investimento vai crescer mais.”